Entrevista a Patrícia Caeiro
Estreou no passado dia 20 de Fevereiro o filme, "Eclipse em Portugal", um filme com muito humor negro e um grande elenco. Patrícia Caeiro entra também no elenco do filme apesar de uma participação mais curta. A estreia do filme, a coordenação do TEN_TART e a profissão de ator foram temas da entrevista a que Patrícia Caeiro acedeu para o Blog da Biblioteca Municipal de Mondim de Basto.
1 - Biblioteca Municipal de Mondim de Basto - Fala-nos um pouco da Patrícia, atriz, coordenadora
,mulher?
Patrícia Caeiro: Nasci em Lisboa, a 15 de Dezembro de 1977. A minha experiência Profissional desenvolveu‐se na área do
Teatro enquanto Actriz de Intervenção Social, a partir de 2001.Sou Licenciada em Psicopedagogia Curativa.
A minha formação artística passou pelo Chapitô, In Impetus Formação de Teatro, Curso de Formação de Actores – Universidade Lusíada, Curso de Produção de Eventos e Espectáculos – Kabuki – Escola D ´ Artes, e Pequeno Palco de Lisboa coordenado por Rui Luis Brás e Durval Lucena, entre outros.
Iniciei a minha actividade como Actriz no Grupo de Teatro Fórum Holofote – Teatro de Intervenção Social. Fiz parte do Elenco na TZM produções – Tozé Martinho – Uma Cama para Sete – Grande Comédia, de Jean Letraz e Duas na mão, Uma a Voar – Grande Comédia de Marc Camoletti. Fiz várias participações especiais para TVI, SIC e RTP e também participei em algumas Curtas-metragens, uma delas com o Alexandre Cebrian Valente.Fiz parte do elenco do Pequeno Palco de Lisboa com a peça Listen To Me II,encenada por Rui Luís Brás. Estive no elenco de A vida é ***** e depois morres, de Durval Lucena, no Carlos Paredes, Vícios Anónimos, com o João Rosa na Comuna Teatro e Pesquisa, entre outros.
Realizo Acções de Formação em Oficinas de Expressão Dramática.
Trabalhei como actriz da peça O Cisco e a Espiral do Conhecimento– Peça Infantil de Sónia Aragão‐ Companhia de Teatro Piupardos. Digressão Nacional, desde 2009 a 2012.
Desempenho a Coordenação do Grupo de Teatro e Animação TEN_TART desde 2009.
2 - BMMB - Como é que surgiu a tua paixão pela representação?
P.C. : A minha paixão pela representação surgiu desde muito nova,
mas tive a certeza que era através do teatro, ou seja da expressão dramática
que queria desenvolver a minha capacidade de trabalho no último estagio do meu
curso de Psicopedagogia onde e através da expressão dramática trabalhei durante
1 ano com adolescentes através do teatro percebi que esta era uma maneira de
expressão de excelência e onde eu me sentia realizada. Então, desde os 21 anos
que trabalho para e no Teatro até hoje.
P.C.: Em 2009 e por acaso, pela primeira vez visitei um mercado
medieval, quando cheguei a casa o "bichinho" da intervenção de rua e
social voltou a surgir, por acaso naquele ambiente, pensei que e se na idade -
média a pobreza, a doença e a miséria estava na grande da população, porque não
recria-la também? Para além dos Reis, princesas e soldados! :)
Através da intervenção directa com o público e com actores
profissionais trabalhamos em alguns mercados onde representamos exactamente
esse aspecto tão marcado da época: A POBREZA, ao qual denominei de RALÉ, os
pobres ostracizados. considerei que este trabalho deveria ser realizado por
actores provisionais, com pesquisa e com muita qualidade quer de encenação e
quer na caracterização, pois pelo que pude observar, não era um tema explorado
a nível profissional nos mercados.
Sendo assim, os TEN_TART Grupo de Teatro e Animação, são um
Grupo de Teatro e Animação, de vários artistas da área do teatro, dança,
música, da escrita e pedagogia que se reuniram, tendo em vista o
desenvolvimento e apresentação de projectos artísticos. A área de actuação
abrange as expressões artísticas, tais como: animações, espectáculos, artes
plásticas, dança, teatro, campanhas temáticas, ateliers de formação, tertúlias,
debates, entre outros, que através de uma programação variada de actividades
sócio-culturais, têm uma intervenção directa junto da comunidade.
O nosso trabalho passa por, Teatro de Palco, Teatro
Intervenção Lúdico Pedagógico de Rua e Temático, Animação Ambulante / Animação
Recreativa de Espaço, Teatro e Comunidade Espectáculos De Rua, Recriações Históricas, Recriações Temáticas. Podem espreitar o nosso blog e de lá pulem para o facebook
onde podem "cuscar" tudo ;) : http://www.tentart.blogspot.pt/
4 - BMMB: Quais as diferenças entre cinema e teatro?
P.C.: Um actor deve estar disponível para desenvolver e criar a
sua personagem, o mais perto daquilo que um encenador no caso do Teatro, ou que
o Realizador no caso do Cinema, nos pede. No Teatro o que acontece é que tens
um "viagem" completa, dão-nos o texto, decoramos o texto, temos
ensaios do principio da peça ao final da peça, tal como ler um livro.
No cinema, dão-nos um guião, decoramos a nossa parte do
guião mas depois temos que estar preparados para gravar as cenas que o
realizador pede, quer sejam as primeiras, as do meio, quer comeces com a
última, não existe ordem. No entanto, tanto num como noutro existe construção
de personagem e por isso ensaias e tens a preparação e o encenador / realizador
que te coordena e que que coloca apto a pegar na personagem e arrancar, desde,
por isso sinto uma empatia grande em relação às duas artes : o Teatro e o
cinema, são ambas de uma delicadeza intima muito importante para um actor,
criamos laços, temos construção e um elenco e trabalhamos muito a nosso
capacidade de representação.
5 - BMMB - Estás agora no filme "Eclipse em Portugal". Como surgiu o convite?
P.C.: É uma honra estar e ser parte integrante deste elenco incrível, tal como o Pedro Fernandes que é uma revelação enquanto actor brilhante, a Fernanda Serrano, o Ricardo Carriço, entre outros, e participar em mais um maravilhoso trabalho do Alexandre Cebrian Valente. Este convite surgiu, exactamente do próprio realizador, do Alexandre Cebrian, que se lembrou de mim pois eu já tinha trabalhado com ele uma vez numa curta-metragem incrível realizada e produzida por ele, e claro que aceitei participar pois é uma honra e sempre uma experiência óptima enquanto actriz poder representar em vários cenários e novos desafios. O meu papel é pequeno, grande é, sem dúvida este filme, Eclipse em Portugal.
6 - BMMB - O que é que o público pode esperar do filme?
Através de uma história real que ocorreu em Portugal em 1990, quando um rapaz matou os pais em nome do "amor" numa terra recôndita, penso que esse rapaz ainda está preso, o Realizador, pegou nessa realidade e deu-lhe uma possível continuidade ficcionada, no entanto optou pelo humor de toda esta penosa história por ter sido real e tão surreal, e arriscou!
Este filme é uma coragem do realizador Alexandre Cebrian
Vaente e de todos que nele participam e que dão tudo, e em Portugal,aborda a
Igreja, o assassinato, vários tabus e preconceitos, através do delicioso humor
negro e porque estamos no século XXI e Portugal precisa saber receber e abrir
novos horizontes na Arte Portuguesa, porque nós temos tanta capacidade de rir
de nós como todos os outros e não é PECADO ;) ! Também pelo não apoio económico
que temos e novamente pela nova linguagem que o realizador usa - O humor negro
em Portugal! Isso é o que tem valor! Eu vi, e estou muito contente com toda
esta linda equipa, isso sim! Parabéns a todos!
7 - BMMB - O cinema português está "vivo"?
P.C.: Sinceramente? Não. No entanto, é quando percebemos que temos que nos unir. A
cada dia vejo mais essa união. Este filme é prova disso!
Estou agora a ensaiar um Espectáculo da minha autoria, na
fábrica do Braço de Prata, com dois actores colegas meus, a Nayana Rodrigues,
na encenação e elenco e o Luís Salvador, no elenco, somos os três, é o Espectáculo "1...2": é um
espectáculo que aborda a hipocrisia social que vivemos hoje em dia, somos 3 a
mesma mulher que grita o que pensa entre quatro paredes, porque hoje em dia...
é assim? E porque é que é assim? ;)Quando apresentei este espectáculo à Directora da fábrica do Braço de Prata, Sílvia Rebelo, eu não a conhecia e senti essa união,nós não temos dinheiro e ela disse-nos que sim, que tentássemos, deu-nos sala para ensaiar e dias para apresentar que serão nos dias 27, 28 e 29 de Março às 22:30. E aí eu senti esta união, esta linda união, porque a fábrica Braço de Prata acolhe os artistas, não ganha dinheiro com isso e ainda nos está a apoiar e eu só lhes posso agradecer dando-lhes o nosso melhor trabalho, a nós juntou-se uma incrível artista plástica, a Namora Caeiro, ela está a criar-nos o cartaz, o teaser, flyers, etc...Tudo isto e nada quer em troca... estas coisas, estes gestos, não têm valor... é assim que está a cultura em Portugal!
9 - BMMB - Deixa uma mensagem para aqueles que sonham seguir o
caminho da representação.
P.C.: A minha mensagem é breve, disseste: SONHO! Não desistam daquilo que querem fazer, do que sonham alcançar, só vivemos uma vez. Tentem!
Bem hajam!
Patrícia Caeiro.Obrigado, Patrícia.
Nota: As respostas dos entrevistados não são alteradas. Existem entrevistados a favor e outros contra o Acordo Ortográfico.
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