Entrevista com Nuno Bernardo
Nuno Bernardo é o responsável pela empresa "beActive Media" que nos últimos dias viu uma das suas apostas "Beat Girl" nomeada para os Emmys 2014.
Além de "Beat Girl", a empresa é responsável por outros variados projetos sendo que esta não é a primeira nomeação para Emmys. Na carteira está um projeto promissor de seu nome "Collider" cujo trailer já circula pela internet.
O diretor e fundador da empresa aceitou o convite da Biblioteca Municipal de Mondim de Basto e respondeu a algumas questões.
Biblioteca Municipal de Mondim de Basto - Como é que surgiu a "beActive"?
BMMB - Depois da nomeação para os Emmys da série "Final Punishment",
desta vez foi nomeada a série "Beat Girl", é o reconhecimento de
enorme esforço e trabalho da companhia?
BMMB - "Beat Girl" tem webepisodes, episódios de televisão e filme.
O que distingue os três?
N.B. - O Beat
Girl é composto por uma série Web de 15 episódios com 4 minutos de duração que
introduz as personagens. Depois a história de Heather continua num programa de
TV (5 episódios de 22’) e em Filme de 90 minutos para sala de cinema e DVD. O
filme estreou em simultâneo em Portugal, Irlanda e Reino Unido e no serviço
HULU nos E.U.A.. Aquilo que a beActive está a fazer de diferente é
disponibilizar o filme, no mesmo dia, em cinema e nos serviços de Video on
Demand. Tendo em conta o modelo multiplataforma do Beat Girl, o nosso retorno
financeiro não se restringe a um media em particular, mas ao somatório de todas
as receitas que incluem para além das bilheteiras, do serviço de VoD, as
receitas de vendas do Livro e eBook, do jogo para plataformas móveis e do
licenciamento do programa para TV. Desta forma, uma menor performance em cinema
pode ser compensada pelas receitas geradas noutra plataforma.
BMMB - Já circulam pela internet teasers e trailers do filme
"Collider", o que podemos esperar deste projecto?
N.B. - COLLIDER mistura o tradicional
filme de ficção científica com muita acção, criaturas que atacam à primeira
oportunidade e uma pitada de romance e drama. Em 2018, o planeta entra em
colapso e a espécie humana é dizimada devido a uma sucessão de desastres
naturais e ao surgimento de uma raça mutante apelidada de “Os Desconhecidos”
(The Unknown). Peter, Alisha, Carlos, Fiona, Luke e Lucia são a última
esperança da Humanidade. Os seis sobreviventes terão de unir esforços para
conseguirem reactivar o COLLIDER e assim recuarem no tempo e evitar o
apocalipse. Em menos de 24 horas, o portal do tempo irá fechar-se para
sempre... A viagem será repleta de perigos, o ar exterior é irrespirável, “Os
Desconhecidos” espreitam a cada esquina e as diferentes personalidades vão
dificultar esta missão. COLLIDER mistura o tradicional filme de ficção
científica com muita acção, criaturas que atacam à primeira oportunidade e uma
pitada de romance e drama. O filme conta com a presença dos actores portugueses
Marco Costa e Teresa Tavares nos papéis principais.
BMMB - Portugal ainda é um mundo fechado para projetos originais de cinema?
N.B. - Portugal
produz muito pouco cinema (uma média de 12 filmes por ano, valor com tendência
a diminuir) e esta parca oferta é limitada nos temas e abordagens. Existe uma
tradição forte do cinema de autor, mas o cinema mais narrativo (a quem muitos
chamam comercial) tem pouca expressão em Portugal, sendo normalmente ostracizado
pela indústria e crítica especializada. Sem esse balanço entre cinema narrativo
e cinema de autor, modelos de financiamento em linha com outras cinematografias
europeias, é impossível criar uma indústria do cinema em Portugal. A juntar a
tudo isso temos outras condicionantes que vão para além dimensão do país, o
facto de que os portugueses normalmente não vão ver os seus filmes (a quota de
filmes portugueses no Box Office nacional é das mais baixas da Europa), além de
termos a mais baixa percentagem de idas ao cinema por habitante.
BMMB - Além de dos três projetos referenciados em cima, o que podemos destacar
mais na "beActive"?
N.B. - A
abordagem multiplataforma das histórias que a beActive conta são o seu grande diferenciador.
A maior parte dos projetos da beActive nascem nas redes digitais e aí
conquistam os primeiros fãs. É com esses fãs iniciais que vamos construindo e
aperfeiçoando a história, lançando produtos complementares que expandem as
personagens e a narrativa, desde livros a programas de TV, jogos ou filmes. O
uso das redes sociais e da interactividade permite que as personagens das
nossas histórias estejam mais próximas da audiência e por isso os espectadores
estejam mais motivados a seguir os seus novos “amigos” para outras plataformas
quando a história se expande. Os fãs fidelizados nas plataformas digitais
seguiram as suas personagens favoritas nos diferentes meios.
BMMB - A "beActive" também aposta em livros das suas produções. É um
complemento importante?
N.B. - A beActive assume-se com uma
empresa criadora e contadora de histórias e os seus projetos assentam em
narrativas fortes. O formato “Livro” é por definição o meio ideal para
estabelecer personagens e essas narrativas. Permite-nos definir melhor as personagens,
o seu passado e a sua motivação e assim criar as bases e a história necessária
para que esta depois possa viver, em diferentes formatos, em todas as outras
plataformas.
BMMB - A "beActive" está receptiva a guiões?
N.B. - A beActive tem uma forma muito
peculiar de criar e desenvolver projetos. Este tem que possuir determinadas
características, temáticas e permitirem uma abordagem multiplataforma.
Normalmente a ideia para uma série de TV ou um guião para um filme não nos permite
desenvolver todo o conceito multiplataforma que criámos à volta das nossas
histórias. Por isso, apesar de nunca fecharmos as portas a uma boa ideia ou uma
proposta de criativos externos à empresa, a maior parte dos projetos da
beActive são desenvolvidos no seio da própria empresa.
BMMB - Quais são os projetos em carteira da "beActive"?
N.B. - Para além do Beat Girl, que está
a ser adaptado pela ELECTUS (The Office US, Ugly Betty, The Biggest Looser)
enquanto remake para o mercado norte-americano, a beActive está a lançar o seu
primeiro projeto de ficção científica, o COLLIDER, que irá ter a sua estreia
mundial já a 15 de Outubro em Londres, num evento paralelo ao Festival de
Cinema de Londres, filme que conta com a presença dos actores nacionais Teresa
Tavares e Marco Costa. Estamos ainda a lançar o Documentário "A Estrada da
Revolução" que estreou recentemente no Festival Raindance em Londres e que
estará disponível para os compradores internacionais no MIPCOM, mercado
internacional da indústria da televisão, evento que se realiza em Cannes de 7 a
10 de Outubro.
BMMB - A "beActive" celebra o décimo aniversário, durante estes dez
anos foi reunindo fãs e seguidores, deixe uma palavra para eles.
N.B - A razão da nossa existência está
diretamente ligado aos nossos fãs, leitores, espectadores, utilizadores,
seguidores e todos aqueles que, independentemente do formato, seguem as nossas
histórias e personagens. Só faz sentido continuar a contar essas histórias se
alguém as estiver disposto a ouvir. Por isso o nosso muito obrigado às milhões
de pessoas que em Portugal e à volta do mundo dispenderam um pouco do seu
tempo, a ouvir as nossas histórias.
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