Entrevista a Sandra Carvalho - Parte II


"A Saga das Pedras Mágicas" é um conjunto de livros da autora Sandra Carvalho, uma excelente revelação da escrita fantástica que publicou o seu primeiro trabalho desta saga em 2005. Hoje publicamos a segunda parte da entrevista feita pela Biblioteca Municipal de Mondim de Basto a Sandra Carvalho. A primeira parte pode ser vista aqui: http://bibliotecademondim.blogspot.pt/2012/07/entrevista-sandra-carvalho-parte-i.html


8 - "O Filho do Dragão" é o sétimo livro da "Saga das Pedras Mágicas". Há fim previsto?

Quando idealizei a Saga pensei em contar a história de três gerações de mulheres fortes e apaixonadas, ao longo de seis livros. Porém, o facto de a minha imaginação não ter amarras e de a pesquisa que vou fazendo ir sempre acrescentando mais aventura, romance e magia ao esboço original, fez com que nascessem mais dois volumes. O oitavo livro marcará o fim deste ciclo. A escrita está a fluir bem, por isso espero conseguir terminá-lo ainda este ano.  

9 - Consegues apontar o teu melhor e pior momento enquanto escritor?

Os piores momentos são aqueles em que a exaustão me derruba; em que sei o que quero escrever e não consigo colocá-lo em palavras. Quando isso acontece, a emoção perde-se. E sem emoção não há história! Para minha infelicidade, sou muito teimosa e exigente. Quando estou sem alento para escrever devia respirar fundo, afastar-me e distrair-me com outra coisa, mas não sou capaz. Fico literalmente a agonizar em frente do computador, muitas vezes sem nenhum proveito, porque não consigo esquecer a ansiedade dos meus leitores e os compromissos que assumi com a Editorial Presença. Quanto aos melhores momentos, são, sem dúvida, aqueles em que mergulho na história e esqueço a realidade, para depois desfrutar do prazer de conversar com os meus companheiros de aventura e ouvi-los dizer que devoraram sofregamente cada palavra que lhes ofereci.

10 - Qual é a tua opinião sobre adaptações de livros para cinema? Dá-nos um exemplo de uma adaptação que tenhas gostado e outra que nem tanto.

Se é verdade que é extremamente difícil, mesmo impossível, ver reproduzido num filme toda a riqueza de um livro, também é verdade que um filme, quando razoavelmente conseguido, pode conduzir muitas pessoas à descoberta de um livro. Por isso nada tenho a obstar, desde que a “visão” do autor seja respeitada. Dito isto, confesso que, ao longo dos anos, sofri algumas decepções com as adaptações ao cinema dos livros que me apaixonavam. A exceção foi, surpreendentemente, “O Senhor dos Anéis”. Quando soube que os filmes estavam a ser realizados, pensei que Peter Jackson só podia ser louco para abraçar tal projeto. Então, vi “A Irmandade do Anel” e fiquei rendida, com as exigências do meu imaginário plenamente satisfeitas. A sensação manteve-se nos filmes seguintes. Fez-me magia!

11 - Sobre a "Saga das Pedras Mágicas" se fosse possível, preferias que fosse feita numa saga de filmes do género Harry Potter ou em série como o Game of Thrones?

Acho que seria difícil reproduzir num filme toda a beleza dos cenários e a complexidade das personagens da Saga (a não ser que o realizador fosse o Peter Jackson !). Além disso, a narrativa é bastante rica, com muitas histórias que se cruzam. Uma série poderia explorar a sua complexidade… Por outro lado, é impossível igualar a magia do grande ecrã… Fico a aguardar propostas e depois decido.

12 - Que projetos tens em carteira para o futuro?

Ao longo dos anos, fui apontando imensas ideias que apenas aguardam por um pouco de pesquisa e um impulso de paixão para se transformarem em projectos tão envolventes quanto a Saga. No entanto, ainda não decidi qual deles irei abraçar. Nesses assuntos, o instinto pesa muito na minha resolução. Por isso, estou convicta de que saberei qual o rumo a seguir no instante em que escrever a última linha da Saga. 

13 - Deixando agora a escritora de lado, quais são os teus hobbies favoritos?

Neste momento é impossível deixar a escritora de lado, porque a escrita ocupa todo o meu tempo livre. Desde que esta aventura se iniciou, deixei de ter passatempos e férias. Há sete anos que, praticamente, só paro de trabalhar para dormir. Aqueles que me conhecem e estimam sabem que não estou a exagerar! Mas como eles dizem: “Quem corre por gosto não cansa!” Quando a Saga terminar, hei de tirar uns dias para me dedicar um pouco às paixões que tenho negligenciado: a leitura, o cinema, a música, a pintura, a cozinha, cuidar da horta, nadar no mar, caminhar na praia e na serra... Tenho gostos simples e retiro prazer de coisas que para a maioria das pessoas são insignificantes e enfadonhas. Aprendi muito com a minha mãe, mas a grande lição que ela me ensinou antes de partir foi a de respirar cada fôlego com satisfação, pois ignoramos quantos fôlegos Deus nos concedeu.

14 - Para terminar, um conselho para quem quer ser escritor.

Quem quer ser escritor tem de estar preparado para abraçar horas infindáveis de esforço, solidão e entrega total. Se for realmente esse o vosso desejo, pesquisem muito sobre os assuntos que irão abrilhantar a vossa história e interiorizem as emoções que querem transmitir. Depois trabalhem, trabalhem e trabalhem… Quando a imaginação vos falhar, aproveitem para corrigir o que está feito. E sejam exigentes! Façam do dicionário o vosso melhor amigo e ponderem cada palavra. Se algo não vos satisfizer, vale sempre a pena repensar e alterar. Depois, escolham bem a editora. Analisem as opções com cuidado, para que não acabem prisioneiros de um contrato que vos traga prejuízos e frustrações. Por fim, sejam perseverantes. Uma recusa não é uma catástrofe; é mais um passo no trilho do conhecimento. Confiem no vosso valor e lutem pelos vossos sonhos. Acreditem que não há nada melhor do que um sonho concretizado!






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